domingo, 5 de maio de 2013

Os fundos de investimento, chamados de long/short, usam como estratégia comprar um determinado papel e assumir o compromisso de vender outro ("ficar vendido"). A possibilidade de ganho está justamente na diferença. O gestor vende uma ação que não tem (a descoberto) e, como precisa de três dias para entregar, vai ao mercado, aluga e a entrega no lugar daquela que vendeu.

Um mercado crescente para elevar o lucro das carteiras 


O empréstimo de ações, ou aluguel, destina-se a investidores de longo prazo em títulos de empresas sólidas, rentáveis e com elevado índice de negócios. Ao "emprestar" seus papéis os aplicadores recebem, além dos proventos deliberados pelas empresas, uma taxa de remuneração pelo empréstimo, que, no último ano, oscilou entre 3 e 7% ao ano. É um nicho de operações que cresce, indiferente às oscilações do mercado à vista, atraindo detentores das ações, corretoras que intermedeiam os negócios, fundos especializados e aplicadores. O setor tem tudo para se expandir. 

Trata-se de uma operação em que a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) atua como contraparte e garante os negócios. Os investidores oferecem títulos para empréstimo e os tomadores os "alugam" para atender a necessidades temporárias, em geral, por 30 dias. 

A vantagem de quem empresta as ações é obter retorno fixo adicional pelo patrimônio, sem abrir mão dos benefícios atribuídos às ações no período, como valorização, dividendos, bonificações, splits e subscrições. Quem empresta só tem o risco das oscilações das cotações no período do empréstimo, pois não podem se desfazer dos títulos. As corretoras ganham com o ingresso de novos clientes. Os tomadores, em geral administradores de carteiras, tomam ações emprestadas para dar lastro às operações de arbitragem (compra e venda simultânea de ações, em geral, com pequenas margens). 


Alguns números mostram o potencial desse mercado: o volume de operações cresceu 97% no ano passado e a média diária de transações atingiu R$ 100 milhões em cerca de 300 contratos. Os principais doadores foram os investidores estrangeiros (32,84%), seguidos pelas pessoas físicas (24,04%), os fundos mútuos (18,76%) e os bancos comerciais (10,70%). Entre os tomadores, os fundos ficaram com 34,08%, os estrangeiros com 30,30% e os bancos comerciais, com 26%.

Álvaro Vidigal, o 'Guti'
O empréstimo de ações fomenta o mercado
Uma das corretoras que investiu no mercado de empréstimos foi a Socopa, a primeira colocada no ranking do segmento, onde começou a atuar em 1996. Como pioneira, chegou a ter 70% dos negócios. Hoje, detém cerca de 20% do volume financeiro - em 2004, operou R$ 7 bilhões. "Depois de tornar o sistema confiável, com as garantias da CBLC, todo mundo entrou nesse mercado que é uma ferramenta de fomento e amplia a liquidez", diz o diretor da Socopa, Álvaro Augusto de Freitas Vidigal, o Guti. 

Arbitragem - O empréstimo de ações é feito pela maioria dos agentes do mercado. E dá origem a outras modalidades. Analistas chegam a considerar que é difícil mensurar a quantidade de negócios que podem ser feitos no mercado de empréstimo de ações. "Cada vez mais aparecem arbitragens novas e sofisticadas. As operações batem recordes todos os dias e temos um estoque de operações em aberto de R$ 3,4 bilhões", enfatiza o diretor de controle da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), Francisco Carlos Gomes. 

Segundo Gomes, entre as operações mais comuns no mercado de empréstimo estão aquelas em que o tomador acredita que o valor de uma ação vai cair num determinado prazo. Tomar a ação emprestada e vendê-la "é uma forma eficiente de ficar vendido (a descoberto). Se a expectativa estiver correta, vende-se o ativo tomado emprestado e aplica-se o dinheiro, mais tarde, recompra-se o ativo vendido e devolve-se ao doador, e ainda se embolsa a diferença." Outra operação simples é arbitrar entre as diferenças de preços das ações ON (ordinárias) e PN (preferenciais)", explica. 

Já os fundos de investimento, chamados de long/short, usam como estratégia comprar um determinado papel e assumir o compromisso de vender outro ("ficar vendido"). A possibilidade de ganho está justamente na diferença. O gestor vende uma ação que não tem (a descoberto) e, como precisa de três dias para entregar, vai ao mercado, aluga e a entrega no lugar daquela que vendeu. 

Para Antonio Milano Neto, diretor de mesa de bolsa da Fator Corretora, atuante tanto como tomadora como doadora de ações, as oportunidades de arbitragem no mercado cresceram muito com a figura dos long/short e são um caminho promissor para novos negócios. "Não ganhamos somente com o empréstimo, mas com clientes para outros departamentos. Até as pessoas físicas começam a ganhar destaque nesse mercado", argumenta. 

É um mercado para os aplicadores que não estão dispostos a "ficar comprados" o tempo todo. "É incorreto supor que o mercado de empréstimo fomenta a queda, pois ele aumenta a liquidez, corrige distorções e impede precificações artificiais", afirma Neto. 

Atualmente, o mercado é composto de 90% de operações no atacado, mas sua tendência é chegar ao varejo. "O mercado é promissor e está ficando cada fez mais especializado e técnico, por isso a tendência de atingir outras camadas de aplicadores", diz o presidente da Itaú Corretora, Roberto Nishikawa. 

A corretora Itaú é a sexta no ranking de empréstimos de ações. Movimentou R$ 239 milhões, em janeiro, e R$ 534 milhões, em fevereiro de 2005, nestas operações. "Se se fizer uma conta simples, anualizando as projeções, podemos chegar a uma expansão de 45% neste ano. É um porcentual acima do mercado como um todo, que movimentou R$ 4,8 bilhões em janeiro e R$ 7,55 bilhões, em fevereiro" acrescenta. 

O mercado de empréstimo tende a crescer com a estabilidade da Bolsa e com a tendência de investir a longo prazo, como nos mercados desenvolvidos. A concorrência entre os investidores pode fazer baixar a rentabilidade das operações, mas ainda assim os negócios tenderão a ser atrativos. Guti, da Socopa, acredita que muitas corretoras continuarão no negócio durante os próximos dez anos, apesar do acirramento da concorrência. "É uma tendência natural, pois, quanto maior a demanda, menores as margens e as corretoras terão de buscar diferenciais para manter suas posições", observa. "Já os doadores terão um 'spread' menor, mas, ainda assim, continuarão as oportunidades de ganho". (R.S.)


O Fed compra de treasuries e títulos hipotecários fora do mercado.
O aumento da liquidez é então reinvestido no mercado de capital.
O aumento nos preços dos ativos cria um efeito de riqueza para os consumidores.
Com fortes consumidores de confiança gastar mais que cria a demanda das empresas.
O aumento da demanda leva à criação de emprego.

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